Pesquisa inédita revela primeira espécie de jiboia exclusiva do Brasil
‘Boa atlantica’ é endêmica da Mata Atlântica e ocorre entre os estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte. 'Boa atlantica' é uma jiboia exclusivamente brasileira que ocorre na Mata Atântica Pedro Pina/Museu Nacional A partir de agora o Brasil tem oficialmente uma espécie exclusiva de jiboia nomeada de Boa atlantica. A descoberta foi publicada ontem, 17, no jornal científico PLOSONE, através de um trabalho extenso de herpetólogos do Museu de História Natural do Ceará Prof. Dias da Rocha, da Universidade Estadual do Ceará, do Museu Nacional e do Instituto Butantan. Essa jiboia é endêmica da Mata Atlântica e ocorre entre os estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte, podendo chegar a dois metros de comprimento. Assim como todas as outras da família Boidae, não possui peçonha e é constritora, ou seja, mata as presas através da asfixia. Apesar da recente publicação, a nova serpente não é tão nova assim. Na verdade, essa jiboia é conhecida pela comunidade científica e pela população desde o século XVII, mas era descrita erroneamente como outra espécie. Essa espécie de jiboia é comum de ser encontrada principalmente na cidade do Rio de Janeiro Pedro Pina. Museu Nacional “Mesmo a jiboia (gênero Boa) tendo sido descrita pela primeira vez há mais de 300 anos, a taxonomia dessas serpentes da família Boidae seguia sem consenso entre os cientistas. No geral, falava-se em cerca de 12 subespécies de Boa constrictor espalhadas pelas Américas. No Brasil, as jiboias eram separadas como Boa constrictor constrictor (Bcc) e a Boa constrictor amarali (Bca)”, explica Rodrigo Castellari Gonzalez, principal autor da pesquisa que trabalha como curador das Coleções de Herpetologia do Museu de História Natural do Ceará Prof. Dias da Rocha. A suspeita da possibilidade de novas espécies foi investigada no doutorado dele, que visitou mais de 50 museus em quatro países e analisou mais de mil espécimes de jiboias, feito inédito nas pesquisas com esse grupo. Fazendo as comparações entre as jiboias brasileiras percebi que algumas possuíam um padrão de coloração diferente, com manchas na região próxima a cauda amarronzadas. Ao mesmo tempo, notei que essas também tinham uma distribuição específica diferente das outras, ocorriam somente na Mata Atlântica Paralelo às análises morfológicas dessa jiboia, a pesquisadora do Instituto Butantan Lorena Corina Bezerra também estudava essas serpentes no próprio doutorado, só que olhando para a parte genética desses bichos. Assim como Gonzalez, ela concluiu que havia diferenças entre as jiboias dessa porção da Mata Atlântica com as outras que ocorriam no país. Os pesquisadores estudam agora outras espécies de jiboias do Brasil Pedro Pina/Museu Nacional Essa combinação de evidências comprovou a existência da Boa atlantica, que recebeu o nome por conta do habitat em que vive. “Considerando a importância vital dessa floresta, lar de inúmeras espécies de plantas e animais, e ciente dos graves riscos enfrentados pelas suas áreas remanescentes, optamos por prestar uma homenagem significativa ao habitat nomeando a nova espécie em sua honra”, diz o pesquisador que sugere o nome popular de Boa atlântica, A degradação em massa da Mata Atlântica traz riscos para a sobrevivência da jiboia que ainda não tem status de ameaça avaliado justamente pela recente descoberta. Além dos dois herpetólogos citados, o trabalho também teve contribuições de Paulo Passos, professor Associado e Curador das Coleções de Répteis do Museu, e da pesquisadora do Butantan Maria José J. Silva. O grupo segue agora estudando as outras jiboias brasileiras e parecem estar próximos de novas descobertas. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente
‘Boa atlantica’ é endêmica da Mata Atlântica e ocorre entre os estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte. 'Boa atlantica' é uma jiboia exclusivamente brasileira que ocorre na Mata Atântica Pedro Pina/Museu Nacional A partir de agora o Brasil tem oficialmente uma espécie exclusiva de jiboia nomeada de Boa atlantica. A descoberta foi publicada ontem, 17, no jornal científico PLOSONE, através de um trabalho extenso de herpetólogos do Museu de História Natural do Ceará Prof. Dias da Rocha, da Universidade Estadual do Ceará, do Museu Nacional e do Instituto Butantan. Essa jiboia é endêmica da Mata Atlântica e ocorre entre os estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte, podendo chegar a dois metros de comprimento. Assim como todas as outras da família Boidae, não possui peçonha e é constritora, ou seja, mata as presas através da asfixia. Apesar da recente publicação, a nova serpente não é tão nova assim. Na verdade, essa jiboia é conhecida pela comunidade científica e pela população desde o século XVII, mas era descrita erroneamente como outra espécie. Essa espécie de jiboia é comum de ser encontrada principalmente na cidade do Rio de Janeiro Pedro Pina. Museu Nacional “Mesmo a jiboia (gênero Boa) tendo sido descrita pela primeira vez há mais de 300 anos, a taxonomia dessas serpentes da família Boidae seguia sem consenso entre os cientistas. No geral, falava-se em cerca de 12 subespécies de Boa constrictor espalhadas pelas Américas. No Brasil, as jiboias eram separadas como Boa constrictor constrictor (Bcc) e a Boa constrictor amarali (Bca)”, explica Rodrigo Castellari Gonzalez, principal autor da pesquisa que trabalha como curador das Coleções de Herpetologia do Museu de História Natural do Ceará Prof. Dias da Rocha. A suspeita da possibilidade de novas espécies foi investigada no doutorado dele, que visitou mais de 50 museus em quatro países e analisou mais de mil espécimes de jiboias, feito inédito nas pesquisas com esse grupo. Fazendo as comparações entre as jiboias brasileiras percebi que algumas possuíam um padrão de coloração diferente, com manchas na região próxima a cauda amarronzadas. Ao mesmo tempo, notei que essas também tinham uma distribuição específica diferente das outras, ocorriam somente na Mata Atlântica Paralelo às análises morfológicas dessa jiboia, a pesquisadora do Instituto Butantan Lorena Corina Bezerra também estudava essas serpentes no próprio doutorado, só que olhando para a parte genética desses bichos. Assim como Gonzalez, ela concluiu que havia diferenças entre as jiboias dessa porção da Mata Atlântica com as outras que ocorriam no país. Os pesquisadores estudam agora outras espécies de jiboias do Brasil Pedro Pina/Museu Nacional Essa combinação de evidências comprovou a existência da Boa atlantica, que recebeu o nome por conta do habitat em que vive. “Considerando a importância vital dessa floresta, lar de inúmeras espécies de plantas e animais, e ciente dos graves riscos enfrentados pelas suas áreas remanescentes, optamos por prestar uma homenagem significativa ao habitat nomeando a nova espécie em sua honra”, diz o pesquisador que sugere o nome popular de Boa atlântica, A degradação em massa da Mata Atlântica traz riscos para a sobrevivência da jiboia que ainda não tem status de ameaça avaliado justamente pela recente descoberta. Além dos dois herpetólogos citados, o trabalho também teve contribuições de Paulo Passos, professor Associado e Curador das Coleções de Répteis do Museu, e da pesquisadora do Butantan Maria José J. Silva. O grupo segue agora estudando as outras jiboias brasileiras e parecem estar próximos de novas descobertas. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente