Estudante indígena da Unicamp aponta políticas públicas e presença na universidade para alta no Censo: 'É o caminho'

Campinas (SP) reúne a maior população deste grupo na região, com 1.569 pessoas. Universidade atrai indígenas com vestibular específico desde 2019. Arlindo Baré durante manifestação contra o marco temporal em Campinas (SP) Arquivo pessoal A possibilidade de ocupar espaços e a quebra de paradigmas na sociedade são fatores cruciais para o aumento de 88% da população indígena no Brasil, registrada pelo Censo 2022, de acordo com o estudante indígena de Engenharia Elétrica da Unicamp, em Campinas (SP), Arlindo Baré. Natural do território indígena Cué-Cué Marabitanas, no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), Baré vive há 5 anos em Campinas, que reúne a maior população de indígenas na região, com 1.569 pessoas, equivalente a 48,2% do total das outras cidades da área de cobertura. Ao g1, Baré destacou a importância da educação em sua trajetória e o papel que passou a desempenhar desde o ingresso no primeiro Vestibular Indígena da Universidade Estadual de Campinas, em 2019. "Eu considero a universidade um caminho importante para o próprio estado entender quem somos, saber quem somos e o que queremos, além de contribuir na criação e implementação de políticas públicas para os povos indígenas", disse o estudante. Baré afirmou que as "formas de repressão sistêmicas, estruturais e institucionais de preconceito" inibem a identificação dos indígenas. De acordo com o aluno, muitos ainda não tem coragem e nem acesso, mas a tendência é que aumente ainda mais, o que vai contribuir, segundo ele, para a sociedade brasileira deixar de romantizar o contexto dos povos. Arlindo Baré e outros estudantes indígenas da Unicamp Arquivo pessoal Baré conta também que aumentou a própria contribuição aos povos originários a partir da criação de um coletivo, a União Plurinacional dos Estudantes Indígenas (Upei), na qual é presidente nacional atualmente e que conta com 72 mil alunos em todo país. "Discutimos políticas públicas voltadas para os estudantes indígenas, para trazer o contexto das demandas, das necessidades e dos anseios dos povos indígenas, criando um diálogo com o MEC e por aí vamos construindo o que consideramos um caminho importante a partir da educação", pontuou. "Nossa relação som a natureza sempre foi e será proteger a natureza para que possamos viver com nossas formas sociais", finalizou. Cenário da região de Campinas Segundo resultados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a região de Campinas tem 3.250 indígenas nas 31 cidades da área de cobertura do g1 Campinas. A metrópole reúne a maior população deste grupo na região, com 1.569 pessoas, o equivalente a 48,2%. Além disso, o total significa alta de 50% sobre os 1.043 do Censo 2010. As outras cidades da região com maiores núcleos de indígenas são Hortolândia (SP), com 265, e Sumaré, que tem 247. Lindoia (SP) é a única cidade do grupo onde o Censo não encontrou indígenas. * Sob supervisão de Marcello Carvalho VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas

Estudante indígena da Unicamp aponta políticas públicas e presença na universidade para alta no Censo: 'É o caminho'

Campinas (SP) reúne a maior população deste grupo na região, com 1.569 pessoas. Universidade atrai indígenas com vestibular específico desde 2019. Arlindo Baré durante manifestação contra o marco temporal em Campinas (SP) Arquivo pessoal A possibilidade de ocupar espaços e a quebra de paradigmas na sociedade são fatores cruciais para o aumento de 88% da população indígena no Brasil, registrada pelo Censo 2022, de acordo com o estudante indígena de Engenharia Elétrica da Unicamp, em Campinas (SP), Arlindo Baré. Natural do território indígena Cué-Cué Marabitanas, no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), Baré vive há 5 anos em Campinas, que reúne a maior população de indígenas na região, com 1.569 pessoas, equivalente a 48,2% do total das outras cidades da área de cobertura. Ao g1, Baré destacou a importância da educação em sua trajetória e o papel que passou a desempenhar desde o ingresso no primeiro Vestibular Indígena da Universidade Estadual de Campinas, em 2019. "Eu considero a universidade um caminho importante para o próprio estado entender quem somos, saber quem somos e o que queremos, além de contribuir na criação e implementação de políticas públicas para os povos indígenas", disse o estudante. Baré afirmou que as "formas de repressão sistêmicas, estruturais e institucionais de preconceito" inibem a identificação dos indígenas. De acordo com o aluno, muitos ainda não tem coragem e nem acesso, mas a tendência é que aumente ainda mais, o que vai contribuir, segundo ele, para a sociedade brasileira deixar de romantizar o contexto dos povos. Arlindo Baré e outros estudantes indígenas da Unicamp Arquivo pessoal Baré conta também que aumentou a própria contribuição aos povos originários a partir da criação de um coletivo, a União Plurinacional dos Estudantes Indígenas (Upei), na qual é presidente nacional atualmente e que conta com 72 mil alunos em todo país. "Discutimos políticas públicas voltadas para os estudantes indígenas, para trazer o contexto das demandas, das necessidades e dos anseios dos povos indígenas, criando um diálogo com o MEC e por aí vamos construindo o que consideramos um caminho importante a partir da educação", pontuou. "Nossa relação som a natureza sempre foi e será proteger a natureza para que possamos viver com nossas formas sociais", finalizou. Cenário da região de Campinas Segundo resultados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a região de Campinas tem 3.250 indígenas nas 31 cidades da área de cobertura do g1 Campinas. A metrópole reúne a maior população deste grupo na região, com 1.569 pessoas, o equivalente a 48,2%. Além disso, o total significa alta de 50% sobre os 1.043 do Censo 2010. As outras cidades da região com maiores núcleos de indígenas são Hortolândia (SP), com 265, e Sumaré, que tem 247. Lindoia (SP) é a única cidade do grupo onde o Censo não encontrou indígenas. * Sob supervisão de Marcello Carvalho VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas